O descompasso dessa tarde chuvosa me faz doer no peito uma saudade de alguém que ainda não sei quem é.
O vento sopra suave e posso ouvir gritos mudos em meio a multidão.
Os sinos das catedrais badalam de hora em hora e os minutos custam a passar neste quarto escuro. Apenas um raio de luz consegue entrar pelas persianas já cerradas.
Anoitece e a insônia me faz companhia madrugada adentro.
Há um reflexo no espelho, um rosto desconhecido, posso sentir sua presença e me estremeço.
O dia amanhece e mais perto o sinto, embora os dias ainda passem lentos.
Passa dia, passa noite e sigo pela estrada velha empoeirada, às vezes sentindo a brisa fresca, as vezes sentindo o sol escaldante queimando minha pela antes tão desbotada.
Ainda irei encontrá-lo talvez nas noites frias de inverno, nas tardes de primavera, nas madrugadas misteriosas de outono ou ao entardecer de um verão.
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