sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A mulher dos cem pares de sapatos


Sapatos são uma excentricidade genuinamente feminina, mas para a mulher dos cem pares de sapato não era apenas uma excentricidade, eles traduziam seu estado de espírito. Ao acordar todas as manhãs a primeira coisa na qual pensava era qual seria o par de sapato que usaria, qual deles iria traduzir melhor a chegada daquele novo dia a sua vida.

Costumava usar sapatos cor de rosa quando estava feliz.
Os azuis eram para quando estava apaixonada pois eles combinavam com o sorriso bobo no rosto.
Aqueles multi colores para esperar a chegada da primavera, que tanto a alegrava!
Os pretos clássicos para os dias em que precisava demonstrar seriedade.
A sandália vermelha para aqueles dias de “flerte fatale” ou quando esperava seu amado para um novo encontro.
Aquela sandália preta da fivela de strass a guardava para os dias em que se sentia-se poderosa, pois raros eram os homens que poderiam chegar a seus pés nestes dias.

Se você a ver andando pelas ruas, mesmo em meio a multidão, saberá que é ela! Pois seus sapatos são únicos e inconfundíveis.

Os sapatos bonecas, eram clássicos, os tinha de todas as cores, porém eram para os dias em que desejava apenas passar desapercebida, sem chamar muito a atenção e esquivar-se dos olhares curiosos do mundo que a cercava.
Os sapatos de salto deliberadamente altos eram para os dias que desejava reinar única e absoluta como diva, dona de tal beleza que poderia deixar envergonhada até mesmo Afrodite.

E cada sapato seria capaz de contar os “tangos e tragédias” de toda uma vida... não eram apenas sapatos eram a essência de cada dia, de cada riso, de cada lágrima.

Mas havia também os dias em que os pés queriam estar descalços e assim andar a lugar nenhum ou sentir apenas a água gelada do mar, o orvalho da manhã no gramado ou apenas descobrir que estava caminhando rumo a felicidade sob os pés de alguém que também estava deliberadamente livre... descalço... livre... descalço...

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