quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sobre envelhecer...

Lhe causara certa estranheza essa coisa de ser adulta, os cabelos curtos e mais ralos, a silueta que já não era mais assim tão acentuada, o comportamento mais formal nas festas, as roupas mais comportadas, e ainda àquela ausência perturbadora de tempo, tempo de ir ao cinema, tempo de deitar no sofá despreocupadamente.


Mas e àquelas borboletas que ainda lhe brotavam da cabeça, tão coloridas quanto a alegre chegada do circo à cidade.

E se também as borboletas perdessem a sua cor, desbotando junto com a juventude que teimava em ir se apagando dia a dia.

Lhe causava estranheza, lhe trazia um pouco de tristeza e melancolia naqueles dias nublados de outono.

Não havia mais as loucuras da adolescência, não havia mais aquele riso inocente de criança, havia ali uma mulher madura, que diante do espelho via passar um filme com cenas de uma vida inteira.

Passara tão rápido, tão rápido que ao se dar conta tudo havia mudado... mudaram as pessoas à sua volta, muitas se foram, outras chegaram e ela já não era a mais jovem do trabalho, da faculdade... sentia-se como a princesa que se torna rainha, com a imponência da majestade, porém sem a beleza e juventude das princesas...